POMERODE (SC) - A forma simples de viver encontrada no Vale do Itajaí e que tanto atrai turistas é herança dos colonizadores alemães e italianos. Além da culinária, do modo de trabalhar e das atividades de sobrevivência o artesanato de Santa Catarina é algo muito característico. De técnicas de pintura à fabricação de porcelana, a região é riquíssima quando o assunto é habilidade manual.
Em Pomerode, a técnica de pintura chamada de Bauernmalarei consiste na pintura de flores campestres com leves pinceladas no formado de vírgulas. A artista plástica Nani Scheer comenta que até o século 19 este tipo de decoração era bastante utilizado em móveis de madeira maciça.
Com o crescimento da indústria moveleira e a popularização dos produtos, a técnica perdeu espaço.
Também em Pomerode, a artista Karin Lemke aposta na técnica Fernsterbilder. Pedaços de madeira minuciosamente cortados como quadros vazados costumavam enfeitar janelas na Alemanha antiga. “Era uma forma de trazer imagens mais aprazíveis no gelado inverno alemão”, comenta Karin. No Vale do Itajaí, ela ainda pinta de forma bem colorida as peças, dando ares mais tropicais ao artesanato.
Quem tem curiosidade sobre a maneira como são produzidos pratos, xícaras e outros artigos de cerâmica, tem a chance de conhecer a maneira artesanal como são fabricados os produtos da Porcelana Schmidt. Maior fábrica do gênero na América Latina, na indústria pode-se ter a noção exata da fabricação das belas peças que formam jogos de jantar e de café.
Esculturas, ovos e velas
No Centro da cidade, onde o pai Erwin Teichmann morou e produziu boa parte das esculturas até hoje expostas, o filho João mantém o Museu do Escultor. As peças estáticas apresentam um impressionante movimento graças à perfeição conseguida por meio do martelo e do formão. Sem poder se ater a fotografias, algo tão incomum no passado, o artista se utilizava de espelhos angulados e modelos vivos, cuja exigência era ficar horas a fio parados. O sucesso dos trabalhos ganhou o Brasil. O escultor chegou a expor por vários estados, entre eles, o Rio de Janeiro, onde fez uma grande exposição sozinho, com 60 obras. Nascido em 1906, na Alemanha, Erwin veio para o Brasil aos sete anos. Em 1946 se mudou para a casa onde o filho mantém o acervo.
Inspirada nos ourives, que sempre desejam lapidar uma bela jóia, Silvana Pujol tem as mãos firmes necessárias à delicadeza dos ovos que pinta. Bom traço e paciência fazem com que os pequenos objetos se transformem em telas. E não há limite para sua imaginação. A artista pinta desde ovos de lagartixa a de avestruz. Também utiliza modelos de madeira para assegurar a durabilidade das peças. Os trabalhos decorativos cuja inspiração é a tradição da Páscoa servem para enfeitar lares e escritórios, com um toque de sofisticação. As peças custam de R$ 40 a 650.
Se olhar para os ovos pintados por Silvana dá prazer, também em Pomerode, as velas da família Güenther fazem bem à alma e fazem parte da melhor expressão do artesanato de Santa Catarina. “A chama transmite a paz”, comenta a matriarca Dagmar. A criatividade para compor as receitas ocorre em grupo, com filhos, marido, parentes próximos. Juntos eles processam 800 quilos de parafina por mês, visualizando não somente datas como Natal e Ano Novo, mas também a decoração de ambientes em qualquer
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